Entre chocolates, procissões e tainhas: confira a programação de Páscoa que move o RS após enchente
Gramado, Capital Nacional do Chocolate Artesanal, está montada para receber mais de 700 mil visitantes. No Vale do Taquari, cidades atingidas pela enchente de ...

Gramado, Capital Nacional do Chocolate Artesanal, está montada para receber mais de 700 mil visitantes. No Vale do Taquari, cidades atingidas pela enchente de maio de 2024 também estão mobilizadas. Na Região Sul, municípios litorâneos investem nas feiras do peixe. Produção de chocolate em Gramado Reprodução/RBS TV Por todos os lados chocolates derretem, coelhos dançam e fiéis caminham com fé pelas ruas. Entre o cheiro de peixe assado e as vitrines enfeitadas com ovos coloridos, a Páscoa 2025 move diversas regiões do Rio Grande do Sul. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Na Capital Nacional do Chocolate Artesanal, a Páscoa é também um espetáculo. Em Gramado, o feriado se transforma em um grande palco. Durante a ChocoPáscoa, mais de 700 mil visitantes devem desembarcar na cidade das hortênsias, que trocou os pinheiros iluminados do Natal Luz por ovos de chocolate e coelhos animados. A programação, que vai até segunda-feira (21), conta com a Vila da Páscoa e desfiles de roupas decoradas com chocolate de verdade. Tem confeiteiro confeitando bolos ao vivo, caça aos ovos em passeios temáticos e até ônibus com aroma de chocolate. No entanto, por trás do encanto, há um motor econômico girando a pleno vapor: são 28 fábricas que empregam mais de dois mil funcionários. Só neste ano, a produção de chocolate cresceu 10% e atingiu 700 toneladas. Para contornar a alta do cacau e manter os preços acessíveis, as marcas apostaram em versões menores — com o mesmo capricho artesanal. A ocupação hoteleira deve atingir 95% — a maior em uma década. O Sindtur aponta turistas vindo de todo o Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina, movidos pelo cheiro do chocolate e pela beleza das ruas decoradas. Gramado, RS, se transforma para a Páscoa Na cidade vizinha Canela, o coelhinho ganhou uma fábrica própria. Na Parada de Páscoa, o espetáculo “Fábrica de Doces do Senhor Coelho” percorre o centro com música, dança e "personagens encantados". A cidade se enfeita com cenários lúdicos que agradam desde crianças a adultos nostálgicos. E a programação segue até domingo (20) com feiras, artesanato e muito brilho. Entre a fé e o chocolate Mas a Páscoa também é tempo de reflexão. Em Gramado, a Semana Santa começou com a Procissão de Ramos: fiéis caminharam pela Borges de Medeiros até a Igreja Matriz, acompanhando a encenação da vida de Jesus com 33 atores. Na Sexta-feira Santa (18), a cidade verá outro momento de fé com a Procissão de Passos, que contará com quase 400 participantes. Páscoa após a enchente Vale do taquari vive Páscoa encantada No Vale do Taquari, a Páscoa tem um sabor diferente: o da superação. Colinas, cidadezinha de pouco mais de dois mil habitantes e coração enorme, conta com mais de 700 coelhos espalhados pelas ruas. A decoração tem como tema a reconstrução e não por acaso: 53% da população foi afetada pelas enchentes de maio. A cidade decidiu transformar a dor em homenagem. Há cenários dedicados aos voluntários que ajudaram na limpeza e que valorizam a força dos moradores. "Nosso objetivo nunca foi reviver a tragédia, né?/ Nosso objetivo é claro e específico, é homenagear todo mundo que superou a tragédia, a nossa reconstrução. Colinas está linda, o Vale tá se reconstruindo, tá ficando lindo", diz Pedro Boettcher, assessor cultural da festa. O "perfume" do peixe toma conta das feiras Em Porto Alegre, o cheiro da Páscoa vem da taquara. No Largo Glênio Peres, a 245ª Feira do Peixe serve tainha assada, peixes frescos e pratos prontos desde segunda-feira (14). A expectativa é superar as 490 toneladas vendidas no ano passado — e, como dizem os pescadores, esta é a “Feira da Reconstrução”. Muitos deles também perderam tudo nas enchentes de 2024. Com 47 bancas e 100 famílias de pescadores, a feira vai até sexta-feira (18). Já na Restinga e no Extremo Sul de Porto Alegre, feiras paralelas oferecem peixes vivos, hortifrútis, vinhos e artesanato. A 23ª edição da feira fica na Estrada João Antônio da Silveira, 2359. Já a feira da região Extremo Sul chega à sua 13ª edição e ocorre na Praça Inácio Antônio da Silva, no bairro Belém Novo. Em Santa Maria, a tradição também continua com a Feira do Peixe, apesar da redução de 30% na oferta. São 50 toneladas previstas até sexta-feira. O feriado mobiliza pescadores, feirantes e consumidores em busca do alimento que representa a partilha da Sexta-feira Santa. A 29ª edição da tradicional Feira do Peixe em Cruz Alta começou na quarta-feira no espaço da Feira do Produtor, na Avenida General Câmara. Com previsão de comercializar mais de 10 toneladas de peixe, a feira deve continuar na quinta e sexta-feira. O evento conta com a participação de mais de 52 feirantes, oferecendo uma variedade de produtos como cuca, ovos, mel, produtos coloniais e artesanato. A expectativa é que cerca de duas mil pessoas visitem a feira durante esses dias. Em Santa Rosa, a Feira do Peixe está sendo realizada no Mercado Público, com a expectativa de comercializar cerca de 14 toneladas de peixe. Os preços dos peixes variam entre R$ 22 e R$ 50. Chocolates, sim. Ovos, talvez Compras de páscoa movimentam comércio No supermercado, o cenário aponta que o gasto médio com chocolate deve ser de R$ 59 por pessoa. A maioria compra para crianças (61%), seguida por outros familiares, parceiros e amigos. No entanto, nem todo mundo vai levar ovo pra casa: metade dos entrevistados diz que pretende comprar o tradicional formato, enquanto 58% dos que não vão comprar optam por bombons ou barras. O motivo da desistência? O preço. A famosa lei da oferta e demanda explica que quando muita gente quer um produto, o preço sobe. "É bem natural que os itens que a gente consome mais durante a Páscoa, que são mais festivos, eles tenham um aumento significativo", explica a professora de economia UFRGS Wendy Carraro. A alta do dólar também pesou no valor dos peixes que vêm de fora do Brasil, em comparação com os preços do ano passado. O bacalhau, por exemplo, subiu 6,45%. Além do dólar, a restrição na pesca fez o preço disparar. A professora especialista sugere fazer pesquisas antes das compras. "Fazer uma ceia, fazer uma festa, uma comemoração de forma que combine com a minha situação econômica também", comenta Wendy. VÍDEOS: Tudo sobre o RS